sábado, dezembro 15, 2007

O referendo na Venezuela

Paradoxalmente, o triunfo eleitoral da oposição venezuelana é, também, uma vitória moral para o movimento que encabeça o polémico chefe de Estado: de súbito, o referendo e o seu desfecho desmentem em toda a linha aqueles que acusaram Chávez de antidemocrático, de autoritário e até de ditador, e obrigam a recordar a trajectória de um governo que se submeteu ao veredicto dos cidadãos em numerosas ocasiões, todas elas com elevação: para ganhar a Presidência, para aprovar a Constituição vigente, para o referendo revocatório exigido pela oposição e para ser reeleito.

Ele, agora que perde uma dessas consultas e aceita sem ambiguidades um resultado eleitoral que lhe é adverso, referenda atitudes e disposições inequivocamente democráticas que devem ser-lhe reconhecidas.

Com o referendo de ontem desactivam-se, por acréscimo, as tendências golpistas que sempre alentaram sectores da oposição venezuelana, apoiados por posturas internacionais, como as que representam o actual presidente dos Estados Unidos e o ex primeiro-ministro espanhol José Maria Aznar, partidários da democracia só quando esta é favorável aos seus interesses e aos seus parceiros, e instigadores de acções violentas e ilegais contra governos que não se filiam na direita neoliberal.

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