domingo, abril 30, 2006

Escravidão


Com o discurso de Sócrates no parlamento ficámos a saber um pouco mais do que nos espera.

Se o provérbio diz que enquanto há vida, há esperança, ontem passámos a conhecer uma nova versão: enquanto há vida, há que trabalhar. Emprego, esse será mais duvidoso, já que o mercado de trabalho rejeita trabalhadores de 50 ou mesmo 40 anos e muitos jovens não têm melhor futuro.
A esperança de vida deixa de ser um ganho social, para ser um ganho de exploração, nem que seja pela subida do desemprego e baixa de salários.

Gostava de ilustrar as diferentes facetas/leituras da mesma proposta com a apresentação de alguns títulos de jornais:
- Público: «Trabalhar mais anos, descontar mais e receber menos reforma»
- Diário de Notícias: «Reformas mais baixas para todos já em 2007»
- Jornal de Notícias: «Menos reforma e mais longe»
- 24horas: «Sócrates deixa de garantir reformas aos 65 anos»

Em dois dos jornais económicos, a história é um pouco diferente:
- Jornal de Negócios: «Pensões mudam você escolhe»
- Diário Económico: «Governo garante reformas mas pede mais anos de trabalho»
- Semanário Económico: «Governo estuda carreira contributiva com 42 anos»

Uma vez mais os roubos dos sucessivos governos (já aqui denunciados) são "esquecidos". Quem paga são os mesmos de sempre com a agravante de daqui a uns anos certamente haverá outros Sócrates com a mesma conversa.

E agora toca a trabalhar antes que o Sócrates nos apanhe a conversar...


retirado de:
http://obitoque.blogspot.com/

quarta-feira, abril 26, 2006

A quem aproveita?

Algo, que não só a estupidez, há-de explicar este desproporcionado ruído provocado pela divulgação de um relatório do SIS sobre o perigo da extrema-direita em Portugal.Interrogo-me o que terá motivado este excelente serviço publicitário levado a cabo pelos nossos sempre prestimosos serviços de informações aos bandos de apelidados nacionalistas.As TV´s, para além de divulgação ad nauseam da imagem de uma manifestação de alguns amalucados que se passearam há tempos pela baixa de Lisboa, chegaram ao cúmulo de dedicar debates (a SIC-Noticias está neste momento a transmitir, pasme-se, uma discussão em antena aberta com a presença de um alegado especialista!) e análises onde tudo se mete no mesmo saco (racismo, violência, nazismo, fascismo, extrema-direita, nacionalismo...).De tudo resulta, na essência, o aproveitamento de movimentos cuja representatividade ou capacidade de actuação jamais justificariam tamanha promoção.

Retirado de:
http://www.quartarepublica.blogspot.com/

terça-feira, abril 25, 2006

sexta-feira, abril 21, 2006

A Múmia

«Foi ali (...) que viu pela primeira vez o seu retrato oficial como Presidente da República. Lá estava, já emoldurado, presidindo da parede, como lhe competia, ao lugar onde foi assinado o livro de honra do aquartelamento. "Ainda não tinha visto a fotografia oficial", confessou, aparentemente apanhado de surpresa. Gosta? perguntaram-lhe os jornalistas. "Ainda tenho que ver com mais cuidado", respondeu Cavaco, cauteloso como sempre»Filipe Santos Costa

DN, 21-4

sábado, abril 15, 2006

Liberdades


A FNAC retirou um cartaz que utilizava a imagem de uma mulher crucificada, numa postura similar à do Cristo de Velásquez, para anunciar uma exposição no seu centro na ilha Diagonal dedicada ao primeiro número da revista "C International Photo Magazine", fundada pela psicóloga Elena Ochoa.
Vários colectivos católicos haviam protestado e a multinacional francesa cedeu às suas pretensões.

Publicado em:
http://www.redasociativa.org/elinsurgente/modules.php?name=News&file=article&sid=4629

Cuba e vida


Cuba tem o maior nivel de esperança de vida da América Latina.

Segundo o último relatório da OMS na América Latina, Cuba está à frente no nivel de esperança de vida com 78 anos, seguida do Chile e da Costa Rica com 77, a Argentina, Uruguay e Venezuela com 75 anos, posteriormente está o México com 74 e o Perú com 71.

À frente desta lista a nivel mundial vem o Japão com 82 anos de esperança de vida, para a sua população.

EUA pedem 'desculpas' pela destruição da Babilônia


Um oficial da marinha americana pediu “desculpas” pela destruição causada pelas tropas nos monumentos arqueológicos da Babilônia, no Iraque.
Entre os vários danos, as tropas dos Estados Unidos asfaltaram largas áreas da cidade para fazer estacionamentos e um heliporto, destruíram pavimentos de cerca de dois mil anos com o peso dos veículos militares e fizeram barricadas enchendo sacos com material arqueológico.
O teto de um edifício vizinho ao heliporto desmoronou em virtude da vibração causada pelos helicópteros.
Os estragos causados pelas forças americanas levarão “décadas” para ser restaurados, segundo Donny George, diretor da entidade iraquiana encarregada de preservar monumentos históricos.
Em entrevista à BBC, o coronel John Coleman admitiu os danos e pediu desculpas, mas argumentou que as perdas teriam sido maiores se as tropas não tomassem o local, porque ele ficaria à mercê de saqueadores.
Os jardins suspensos da Babilônia estavam entre as sete maravilhas do mundo antigo.

Publicado por:http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2006/04/060414_us_desculpas.shtml

II República espanhola


Comemoram-se hoje os 75 anos de instauração da II República espanhola (1931-39). Quase três décadas depois do fim do franquismo, a democracia espanhola continua sem prestar homenagem às vítimas da guerra civil e da ditadura. Aqui fica um pequeno gesto de homenagem a todos os que lutaram pela liberdade e em defesa da Républica Espanhola, que volte depressa!

O exemplo e as alternativas

Com 120 ausentes, das quais 13 justificadas, a Assembleia da República deu bronca. Como foi votação nós até soubemos, mas infelizmente os relatos são bem mais frequentes nas dicussões. Dois terços (67!!!) dos deputados do PSD, 40 por cento dos do PS honraram-nos em não estar presentes. É bom que os podres desta democraciazita se saibam. Especialmente quando andam a exigir ao pessoal rigor, profissionalismo, e tudo o mais.

Estes senhores, que tanto gostam de culpar os funcionários públicos por tudo o que acontece de errado no país, conseguiram ir de férias mais cedo que estes e assinar o livro de presenças ao mesmo tempo.Infelizmente, em Portugal há muito que somos governados (e deixamo-nos governar) por uma elite parasitária, corrupta e incompetente.

Os Verdes, o BE e o PCP marcaram presença e distinguem-se uma vez mais como os mais competentes e responsáveis neste país de opereta. Esta esquerda (dita por uns radical) apresenta muitas reformas válidas ou pelos menos racionais, em muitos casos medidas já em vigor noutros países. A manipulação forte dos media, a ignorância e preconceitos antigos são alguns dos factores que lhes impedem crescer em votação. Dá vontade de clamar deêm-lhes o governo para que surja o espaço para alternativas à sua esquerda.

editado em:
http://obitoque.blogspot.com/

sexta-feira, abril 14, 2006

A Visita

"Passado um mês sobre a tomada de posse – tempo aproveitado, segundo o próprio, para «se informar», o que é natural num homem com uma carreira de bom aluno - o novo Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, fez a sua primeira visita oficial escolhendo um hospital pediátrico (o D. Estefânia, em Lisboa) para a sua presidencial estreia. E explicou porquê: porque estivera ali várias vezes «em resultado do internamento de familiares», generalidade que a mulher, Maria Cavaco Silva, se encarregou de amiudar uns passos atrás (como manda o protocolo das «primeiras-damas»), esclarecendo tratar-se dos netos de ambos, como é o caso do «António» que «já depois de o meu marido tomar posse, passou aqui um domingo inteiro», amenidade que o mais alto magistrado da Nação não resistiu a ilustrar quando, mais adiante, chegou ao agora famoso «quarto 10» e proclamou para a comitiva e para o País, apontando entusiasmado uma cadeira azul: «Era aqui precisamente! Passei muitas horas naquela cadeira!» ."

(...)" ,impõe-se-nos a desconfiança de que o actual Chefe de Estado, com o aplauso do Governo, terá iniciado uma peregrinação aos locais mais significativos da sua vivência familiar, elevando-os, pela sua presidencial visita, à dignidade de monumento nacional que a História, decerto, registará com o adequado nome de «Família Cavaco Silva», algo, convenhamos, bem mais consistente que a outrora famosa «Vivenda Mariani».Uma coisa é certa: Cavaco Silva aparenta ter, da função presidencial, um entendimento algo majestático, assim uma espécie de pulsão semelhante à que levava D. Pedro V aos hospitais. Será isto que ele chama «começar uma outra fase» da sua acção em Belém?"

http://www.avante.pt/noticia.asp?id=13803&area=29

Pouco a pouco

O importante, não é que Prodi tenha vencido, é que Berlusconi tenha perdido. Pouco a pouco - muito pouco a pouco -, o mundo vai tendo melhor pinta.

É obvio

"O Contrato para o Primeiro Emprego (CPE) de Villepin, não é nada que o governo de Sócrates não pudesse propor"António Lobo de Xavier, in Quadratura do Círculo

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terça-feira, abril 11, 2006

Lisboa alberga líderes de 300 maiores empresas do mundo


De acordo com o jornal Público, Lisboa será nos dias 16, 17 e 18 de Setembro palco de recepção de cerca de 300 altos-quadros e dirigentes de multinacionais, como a BP, Pepsi, Motorola, Disney, Shell ou Texaco. O presidente da câmara municipal de Lisboa, Carmona Rodrigues declarou que a escolha para o local do evento se deveu ao facto de Portugal estar longe do mapa do terrorismo e da insegurança. Depois de Bill Gates, Portugal parece querer reforçar o seu papel de pensão luxuosa da grande criminalidade legal. A presença dos grandes responsáveis por um mundo mais desigual e injusto, em que a pobreza, a miséria, a precaridade e a destruição ambientais constituem factores de captação de investimento, deverá ser alvo de uma resposta nas ruas. Definitivamente, não queremos ser parte do mapa do terrorismo e da insegurança. Pela nossa parte, estamos dispostos a participar na organização de acções que demonstrem a nossa indignação com a visita destas pessoas.

Retirado de:
http://rb02.blogspot.com/

domingo, abril 09, 2006

Bush prepara plano de ataque ao Irão


Os Estados Unidos estão a preparar planos detalhados para bombardear o Irão e admitem usar armas nucleares tácticas. Esta é a ideia central de um artigo publicado pela revista norte-americana New Yorker, onde se afirma que grupos de combate já se infiltraram em território iraniano, com o objectivo de recolher informação e desestabilizar o regime. A estratégia da administração Bush é derrubar o Governo e impedir o Irão de construir bombas atómicas.No artigo, assinado por Seymour Hersh, as acusações mais importantes são feitas por fontes não identificadas, nomeadamente um conselheiro do Pentágono e um militar de alta patente.A Casa Branca está convencida de que a actual liderança iraniana, incluindo o Presidente Mahmoud Ahmadinejad, tem de ser afastada, pois usará as bombas atómicas que conseguir construir. Aparentemente convicta de que acções clandestinas não chegarão para derrubar o regime, a administração Bush não acredita numa solução diplomática.Hersh cita um membro do Congresso que teve conhecimento do conteúdo de reuniões de informação sobre o planeamento em curso. Este político (que não esteve presente nesses briefings) afirma que existe forte pressão política no sentido de serem usadas armas nucleares para destruir instalações subterrâneas.No artigo afirma-se que operações de intimidação dos iranianos estão em curso e há duas fontes diferentes que confirmam a preferência pela opção nuclear, apesar da oposição de militares cuja posição implica o afastamento das decisões.Há centenas de alvos definidos e a provável reacção dos iranianos a um bombardeamento é discutida em pormenor. A destruição de campos petrolíferos, interrupção da rota pelo Estreito de Ormuz, fácil ocupação do Sul do Iraque e ataques a interesses americanos são as opções de Teerão. Um operacional da CIA descreve os líderes iranianos como "loucos", ou "xiitas apocalípticos"; outras fontes dizem que Ahmadinejad não tem todo o poder e que depende do Líder Supremo, Ali Khamenei. Enfim, outro ponto do artigo é a discussão sobre o tempo de que necessita o Irão para construir uma bomba atómica. Oito anos, diz um perito; dois, no máximo, é a tese que justifica a estratégia da Casa Branca.

publicado em:
http://dn.sapo.pt/2006/04/09/internacional/bush_prepara_plano_ataque_irao.html

Irão ou não irão?

Os Estados Unidos intensificaram as suas atividades clandestinas dentro do Irão como preparação para um possível ataque aéreo ao país, informou o jornalista Seymour M. Hersh em artigo no site da revista norte-americana New Yorker.

Tenha Medo, Tenha Muito Medo”








Ver reportagem aqui:
http://www.time.com/time/archive/preview/0,10987,1176980,00.html

sábado, abril 08, 2006

Uma farsa dos nossos tempos

por Luís Carapinha

Os resultados das eleições de 19 de Março na Bielorússia deixaram os EUA e a UE no limiar de um acesso de histeria. A avaliação, pertencente ao Ministério dos Negócios Estrangeiros bielorusso, não é exagerada. Tal como já ocorrera nas eleições de 2001, a tentativa de desestabilização golpista na Bielorússia, decretada pelos EUA de "última ditadura da Europa", saldou-se num fiasco que importa assinalar. Na capital da antiga república soviética, a escassez de participantes na tramóia pós-eleitoral pré-programada foi por demais evidente, apesar do alarido mediático que chegou até nós pela mão da comunicação social dominante, sequiosa de novas “revoluções coloridas” a Leste e, em particular, na Bielorússia. Revelaram-se em vão os esforços de diligentes personagens do calibre de Javier Solana, o homem a quem, na qualidade de secretário-geral da NATO, coube há sete anos dar luz verde ao início da criminosa agressão contra a Jugoslávia e que é hoje o rosto da Política Externa e de Segurança Comum da UE. Segundo a agência RIA Novosti (26/03/06), que cita a televisão bielorussa, Solana forneceu directamente indicações ao candidato opositor derrotado, Milinkevitch, sobre a organização de acções de protesto. Facto ilustrativo do gravíssimo rol de pressões e ingerências do imperialismo em todo o processo. E também do servilismo de uma "oposição democrática" apaparicada pelo grande capital e dependente do apoio externo. Sobre um país soberano e independente, que se opõe ao alargamento da NATO e não manifesta desejo de aderir à UE, abate-se a torrente “democratizante” do imperialismo, que não ainda a “democratizadora” chuva de mísseis de que estas coisas se vão tornando precursoras na actual desordem mundial. Inquisitoriais, EUA e a UE não reconhecem os resultados eleitorais. Para a NATO, que também tem opinião na matéria, as eleições não foram democráticas. O parecer da OSCE, invariável, não destoa. O presidente do Conselho da Europa, de onde a Bielorússia foi "democraticamente" suspensa em 1997, multiplica-se em sentenças sobre a ilegitimidade do poder bielorusso. De Washington e Bruxelas decretam-se sanções contra Minsk e ameaça-se com a criminalização da direcção bielorussa. Dos contrafortes caucasianos ressoa o chamamento "democrático" de Saakashvili, prometendo a liberdade para a Bielorússia. Não fosse o assunto sério, seria caso para rir. Não importa o estado de ruína social em que se encontra a Geórgia, nem as crescentes tentativas do seu presidente, através das bandeiras do fanatismo nacionalista e mercê do apoio e assistência directas dos EUA, de impor um regime militarista e repressivo. Não foi essa a ordem saída da aclamada “revolução das rosas” de 2003 ? A campanha contra a Bielorússia finge ignorar a realidade do país. E esta mostra que os direitos sociais da sua população são superiores à dos países vizinhos, o que se reflecte em níveis de pobreza e desigualdades anormalmente baixos para os tempos que correm, e ainda mais na região em causa. Ora, tal "proeza" foi conseguida precisamente contra o diktat das receitas neoliberais e os desígnios da dominação imperialista. O seu exemplo é na verdade inquietador para a acção, que une os EUA e a UE, apesar de tudo o que os divide, de consagrar mundialmente uma ordem exploradora e espoliadora. Um pingo de honestidade exigiria, no mínimo, o reconhecimento na experiência e curso bielorussos dos esforços de reposição e defesa de direitos humanos básicos - ao trabalho, habitação, saúde, educação e cultura – que, precisamente, a ofensiva imperialista coloca hoje universalmente em causa. É bom não esquecer – como o confirmam vários relatórios da ONU – que a degradação social e a quebra da esperança de vida resultantes do fim da URSS e da restauração capitalista implicaram o desaparecimento de milhões de seres humanos. Trata-se de um autêntico genocídio a conta-gotas, ainda não terminado. Mas isso, como se sabe, não faz parte das preocupações humanitárias da cada vez mais estafada "democracia" de classe do capital e da sua corte mediática. O original encontra-se em http://www.avante.pt/noticia.asp?id=13598&area=24 Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

CME suspendeu arquitecto por não aceitar cunha


Tribunal que apreciou providência cautelar considerou pena indevida e mandou suspendê-la. Chefe de divisão e vereador deferiram o pedido que o arquitecto recusara.A recusa de proceder à apreciação de um pedido de licenciamento de utilização de um prédio – por considerar que fazê-lo naquela ocasião violava a ordem de entrada dos processos – valeu a Ricardo Carriço, arquitecto na Câmara de Évora, um castigo de um ano de inactividade e perda de vencimento. A sanção acabou por ser suspensa, em Fevereiro, pelo Tribunal Administrativo e Fiscal (TAF) de Beja até decisão final do caso.A 23 de Fevereiro de 2005, Ricardo Carriço foi abordado por José Avelar, chefe da Divisão de Obras Particulares (DOP) em que está colocado, para que desse prioridade à apreciação de um processo, alegando o superior que tinha urgência em vê-lo concluído. Para dar sequência a esse pedido, Ricardo Carriço pediu que ele fosse feito por escrito e fundamentando as razões da urgência, uma vez que havia processos mais antigos à espera.Depois de ter tomado conhecimento da posição do arquitecto, Irene Ramos, uma chefe de secção dos serviços camarários, deslocou-se ao gabinete de Ricardo Carriço - conforme refere nas declarações que prestou no âmbito do inquérito disciplinar depois levantado ao arquitecto - e manifestou-lhe "a sua indignação por um comportamento tão indecoroso e insensível com efeitos internos e externos desastrosos". Irene Ramos, que no início do caso terá recebido instruções do vereador do Urbanismo, Miguel Lima, para contactar José Avelar, no sentido de ser dada prioridade à conclusão daquele processo, advertiu Carriço para as consequências da sua atitude, afirmando que se tratava "de um caso de vida ou de morte".As razões que motivaram a sua interferência foram associadas pela própria ao relacionamento que mantivera, durante uma operação de recenseamento eleitoral, com a esposa do proprietário do prédio que dera origem ao conflito na DOP. Irene Ramos alega no processo que aquela lhe pedira para acelerar a aprovação da licença de utilização, por forma a obter um empréstimo bancário para liquidar encargos com tratamentos médicos.Face a esta situação, Ricardo Carriço fez chegar a Irene Ramos o seguinte recado: "Se queria meter uma cunha não era a mim que se devia dirigir". Pouco depois deparou-se com o processo de licenciamento em cima da sua secretária, com uma anotação deixada num post-it para o despachar. Acedendo ao pedido da chefia, analisou o processo e informou, por escrito, que "a ampliação [feita no prédio] não se encontra licenciada nem é licenciavel uma vez que viola o disposto no Plano Director Municipal".No mesmo dia, apesar da informação do arquitecto, José Avelar aprovou a ampliação e o vereador Miguel Lima despachou favoravelmente a licença. Nas declarações que prestou no processo de inquérito, o chefe de divisão, diz que se viu "na contingência de intervir no sentido de solucionar a questão posta pela requerente de obter efectivo licenciamento de construção".Irene Ramos fez depois uma participação contra Ricardo Carriço ao presidente da câmara, José Ernesto Oliveira (PS), propondo que lhe seja dado "um sério correctivo que o leve a ponderar melhor a sua insuportável arrogância recorrente". Aberto o processo disciplinar, a acusação foi concluída logo a 5 de Março de 2005, sendo depois aplicada ao arquitecto uma sanção disciplinar de um ano de inactividade sem remuneração.Inconformada, a defesa do funcionário recorreu da decisão para o TAF, solicitando a suspensão da eficácia da deliberação tomada pela Câmara de Évora enquanto não fosse apreciado o recurso relativo ao processo disciplinar. O tribunal considerou procedente o pedido, declarando "ineficazes os actos de execução indevida". O processo principal continua, entretanto, a seguir os seus trâmites, aguardando-se a decisão final.Arquitecto já teve três processosO primeiro processo de inquérito movido a Ricardo Carriço pela Câmara de Évora, foi decidido em Março de 2002, na sequência de um parecer que emitiu contra um pedido de viabilidade de construção. Na sua apreciação, entendeu que o terreno estava destinado a fins agrícolas e que não era permitida a construção urbana no mesmo. A chefia pediu-lhe que reapreciasse o caso, alegando que o vereador Miguel Lima não aceitava as suas razões, mas Carriço manteve, na íntegra, o seu parecer.O vereador exigiu uma nova apreciação do processo e este acabou na Divisão Jurídica da câmara, que veio a perfilhar a opinião já expressa por Ricardo Carriço. Mas quando o parecer dos juristas chegou, Miguel Lima já tinha deferido o pedido do empreiteiro e instaurado um inquérito ao arquitecto. Em Julho de 2003, o mesmo autarca ordenou a abertura de um novo inquérito ao mesmo técnico, desta vez por causa das suas resposta ao inquérito anterior.Cinco meses depois foi instaurado mais um inquérito disciplinar contra ele, agora, por ter posto em causa um despacho de Miguel Lima, alegando que violava o PDM de Évora. Os três processos foram entretanto arquivados conforme consta de uma certidão emitida pelo município.Domingas Rodrigues, advogada de Ricardo Carriço, afirma na sua contestação, que as várias tentativas de sancionar o seu constituinte "não tiveram outro objectivo se não o de pressionar o arguido a assumir orientações na análise dos projectos de arquitectura submetidos à sua apreciação, que são contrárias à sua opinião técnica".O PÚBLICO dirigiu a José Ernesto Oliveira várias perguntas sobre este caso, mas o autarca escusou-se a falar, alegando que não deve pronunciar-se por o processo estar em tribunal. E acrescentou que, por se tratar de uma matéria disciplinar, "apenas diz respeito às relações de trabalho entre entidade pública e um seu funcionário". Ricardo Carriço escusou-se igualmente a comentar o assunto.Carlos Diasin PÚBLICO de 2 de Abril de 2006

Achegas para confirmar a superioridade moral da Civilização Ocidental

A notícia do Guardian que ontem foi amplamente referenciada pela BBC, CNN e Sky merecia outro tratamento que não a amalgama que o LR aqui fez. Merecia pelo menos ser tratada isoladamente e devidamente enquadrada. Por falta de tempo para mais, lembro que a capitulação da Alemanha e o fim da guerra na Europa se registou em 7 de Maio de 1945 e deixo aqui pelo menos a tradução desta notícia do Guardian, que os comentários acima sugerem que nem todos a compreenderam devidamente:

"As fotos da pós-guerra que as autoridades britânicas tentaram manter escondidas
• revelado o tratamento a suspeitos de serem comunistas
• 4 levados a julgamento marcial depois do inquérito de inspectores da polícia
Guardian, Ian Cobain, segunda-feira, 3 Abril, 2006
Durante quase 60 anos a evidência dum programa Britânico clandestino de torturas na Alemanha do pós-guerra, tem permanecido escondido nos arquivos governamentais. As fotos dilacerantes de jovens que sobreviveram, sendo sistematicamente submetidos à fome, bem como agredidos, privados de sono e expostos ao frio extremo, foram consideradas demasiado chocantes para serem vistas.
Como um ministro da época escreveu, o mínimo possível de pessoas devia estar ao corrente que as autoridades britânicas tinham tratado prisioneiros “num modo semelhante ao dos campos de concentração alemães ". Muitas outras fotos que se sabe foram tiradas desapareceram dos arquivos e mesmo este ano alguns funcionários do governo argumentavam que nenhuma devia ser publicada.
As fotos mostram suspeitos de serem comunistas que foram torturados numa tentativa de obter informação acerca das intenções militares soviéticas e métodos de informação numa altura em que alguns funcionários britânicos estavam convencidos que uma terceira guerra mundial estava somente a meses de distância.
Outros interrogados na mesma prisão, em Bad Nenndorf, perto de Hanover, incluíram nazis, proeminentes industriais alemães do tempo de Hitler, e antigos membros das SS.
Pelo menos dois suspeitos de serem comunistas passaram fome até morrer, pelo menos um foi espancado até à morte, outros sofreram doenças e feridas sérias, e muitos perderam dedos com o gelo.
O incrível tratamento dos 372 homens e 44 mulheres que foram interrogados em Bad Nenndorf entre 1945 e 1947 está detalhado num relatório feito por um detective da Scotland Yard, o inspector Tom Hayward. Ele fora chamado por funcionários superiores do exército para investigar o mau tratamento aos presos, parcialmente como um resultado da evidência que estas fotos forneceram.
O relatório do inspector Hayward permaneceu secreto até Dezembro passado, quando o Guardian conseguiu a sua publicação sob o Freedom of Information Act. As fotos mostradas aqui foram sonegadas antes do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) libertar o relatório, aparentemente porque o Ministério da Defesa não queria que fossem publicadas. Essa decisão foi anulada a semana passada, na sequência do recurso do Guardian.
Um dos homens fotografados, Gerhard Menzel, 23 anos, um estudante, foi preso por agentes secretos Britânicos, em Hamburgo, em Junho de 1946. Tinha-se tornado suspeito porque se acreditou que tinha viajado para a zona da Alemanha controlada pelos Britânicos de Omsk, na Siberia, onde tinha estado como prisioneiro de guerra. O seu peso, medido algumas semanas depois da sua prisão nos 10st 3lb, caíu para 7st 10lb pela altura em que foi transferido de Bad Nenndorf para um campo de detenção Britânico oito meses mais tarde.
Na ocasião, ele disse a Hayward, que as suas mãos tinham sido acorrentadas atrás das costas durante 16 dias uma vez, períodos durante o qual ele foi repetidamente esbofeteado na cara. Ele foi mantido numa cela vazia e frígida durante duas semanas uma vez e mergulhado em água fria todos os 30 minutos desde as 4.30 da manhã até à meia-noite, uma prática que o detective descobriu ter sido corrente.
Um médico do campo de detenção relatou que o senhor Menzel foi um de um grupo de 12 detidos transferidos de Bad Nenndorf, todos magríssimos e vestidos com farrapos. Os chegados antes também estavam meios mortos de fome. Alguns tinham feridas faciais, aparentemente resultantes de espancamentos. Uns poucos tinham feridas na pele, que se diziam ter sido o resultado da tortura feita com parafusos que tinham sido recuperados duma prisão da Gestapo em Hamburgo.
O senhor Menzel "era só pele e ossos," escreveu o médico. "Ele não conseguia nem andar nem estar de pé sem ajuda, e só conseguia falar com dificuldade porque a sua língua e lábios estavam inchados e partidos”.
"Era impossível medir a sua temperatura corporal porque não era superior aos 35 graus Celsius e o termómetro só começava nos 35."
O preso estava também confuso, ansioso e sofria de lapsos de memória, os seus pulmões estavam seriamente infectados e a pressão sanguinia estava perigosamente baixa. Somente depois de ser lavado, alimentado e aquecido com lâmpadas a sua temperatura subiu aos 36.3C, mas o médico receava que a sua chance de sobreviver era mínima.
Outro homem fotografado, Heinz Biedermann, 20 anos, um empregado, fora preso em Outubro de 1946 porque estava na zona Britânica, enquanto que o seu pai, que vivia em Stendal na zona Russa, fora identificado como sendo “um comunista ardente”. Pela altura em que fora transferido de Bad Nenndorf quatro meses mais tarde o seu peso descera de 11st 3lb para 7st 12lb. Ele disse que fora mantido em prisão solitária a maior parte do tempo, ameaçado com execução, e forçado a viver e a dormir em temperaturas abaixo de zero com pouca roupa.
Um guarda do exército Britânico disse ao Inspector Hayward que o senhor Biedermann se “gastara como uma vela” durante o seu internamento. Um outro, um soldado do Regimento de Essex Regiment, disse ao detective que se queixou que ele e os seus camaradas se comportavam tão mal quanto os alemães. "Eu tornei-me muito impopular depois disto ... o sargento não levou muito bem a minha observação."
Sobre a transferência do senhor Biedermann para o campo de detenção, um funcionário de Bad Nenndorf requereu que ele ficasse detido “por um período adequado” para evitar que ele desse aos Soviéticos "informações detalhadas deste centro e dos métodos de interrogatório".
Os relatórios do MNE mostram que o oficial da marinha que comandava o campo de detenção, o Capitão Arthur Curtis, estava tão chocado com as condições dos homens que lhe enviavam que ordenou que fossem tiradas fotos como suporte das suas queixas acerca do tratamento destes “esqueletos vivos”.
Fotos de vários outros presos, tirados na mesma altura, parecem terem-se sumido dos arquivos do MNE.
No outro lado da zona Britânica, entretanto, um oficial da Royal Artillery queixava-se do estado dos detidos de Bad Nenndorf que eram atirados dum camião para a entrada dum hospital militar. Alguns pesavam menos de seis stones, e dois morreram pouco depois da sua chegada.
Os relatórios mostram que Bad Nenndorf dependia dum departamento do Gabinete de Guerra chamado o Combined Services Detailed Interrogation Centre (CSDIC).
Pelos fins de 1946, o CSDIC parece ter perdido o interesse nos nazis, e estava a perseguir os comunistas. Parece que os presos estavam a ser interrogados mais acerca dos métodos e das intenções Soviéticos do que do próprio Partido Comunista.
Alguns dos detidos de Bad Nenndorf's estavam na verdade a espiar para os Soviéticos: um preso que era meio-norueguês e meio-russo, disse a Hayward que era um oficial no NKVD, o precursor do KGB, e que tinha estado a operar conyinuamente na Alemanha desde 1938. Um outro, um jornalista alemão que tinha sido libertado pelos soviéticos duma prisão da Gestapo, foi apanhado a voar para o aeroporto de Croydon com papéis britânicos falsos. Ambos foram deixados morrer à fome e seriamente torturados.
Outros, claramente não eram espiões. Um homem que foi deixado morrer à fome era um ex-soldado gay apanhado com papéis falsos quando atravessava a zona britânica à procura do amante, e um outro era um jovem alemão que estava a ser interrogado porque se tinha voluntarizado a espiar para os britânicos na zona russa, e tinha sido erradamente tido como suspeito de mentir por causa dum erro no seu relatório médico.
Quatro oficiais britânicos foram julgados depois da investigação de Hayward.
Documentos desclassificados mostram que as audições foram feitas na sua maioria à porta fechada para evitar que os soviéticos descobrissem que havia russos a serem detidos.
É admitida uma outra consideração para a determinação de esconder a existência de várias outras prisões da CSDIC. Enquanto é sabido que um dos centros de interrogatório se localizava no centro de Londres, pouco se sabe dos da Alemanha.
A seguir aos julgamentos de guerra, a prisão em Bad Nenndorf, foi substituída por um centro de interrogatórios especialmente construído para esse propósito perto da base da RAF em Gütersloh, e foram dadas ordens para os detidos serem examinados por um médico antes do interrogatório. Não se sabe quando é que este centro foi fechado.
O único oficial de Bad Nenndorf a ser condenado foi o médico da prisão. Com 49 anos de idade, a sua sentença foi ser demitido do exército. O oficial comandante, Coronel Robin Stephens, foi inocentado da acusação de "conduta cruel " e foi-lhe dito que estava livre para se candidatar a reunir-se aos seus antigos empregadores no MI5. "

Colocado por "Margarida" nos comentários a um post do AspirinaB: "Mais três achegas para confirmar a superioridade moral da Civilização Ocidental"